Idosos. Trapos ou sábios?

Todos os dias o vejo sentado naquele banco de jardim. Tem um olhar carregado de mágoas e sofrimento, mas também de sabedoria. A pele enrugada, os cabelos brancos e a bengala, são a sua grande companhia. Companhia essa, que substitui, agora, a família, a vontade de rir, os bons momentos e, até mesmo, a vontade de viver.

Envelheceu. E quando mais precisa, não tem ninguém que o ajude. Vive sozinho, praticamente incapacitado e, sobretudo, desiludido.

Acorda sempre com a mesma dúvida e revolta: Porque é que o abandonaram? Seria um trapo velho e inútil?

Em tempos passados, estava tudo bem. Tinha uma família unida, solidária e que nunca se esquecia dele. Era feliz.

Os anos passaram-se e os seus filhos cresceram, casaram e foram viver para o estrangeiro. Sem se aperceber, a forte corrente familiar, partiu-se. Nunca mais recebeu um simples telefonema, uma carta, uma visita ou outro sinal de que a sua existência ainda se fazia sentir. Estava só e somente só.

A morte já lhe batera à porta umas desesperadas três vezes. Vezes essas, em que teve que lutar, sozinho, pela sua sobrevivência.

A verdade é que a família acha que ele daria muito trabalho e prejuízos. Não gostava realmente dele. Em vez de o ajudarem, valorizarem-no pelo bem que fez por eles e agradecer-lhe tudo isso com o simples ato de o acolherem e lhe darem conforto, preferiram abandoná-lo, desvalorizá-lo e esquecerem-se que é com ele que aprenderiam grandes verdades e lições de vida. Agiram como animais.

Os idosos não são um obstáculo. São, precisa e contrariamente, o que nos ajuda a enfrentar os verdadeiros obstáculos, com a sua experiência de vida.

- Mariana -